quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

ESTADO DA NAÇÃO

«Portugal nas mãos de um punhado de ex politicos ou amigos de politicos
Posted: 11 Dec 2012 01:32 PM PST


Neste video há muito para descobrir. Mas os primeiros 9 minutos são uma ofensa grave, ao contribuinte.
- Como os seus impostos são esbanjados?
- Como sustentar um grupo com mais de 50 empresas com dinheiros públicos, para que nenhuma se afunde, convém manter algumas que sirvam de porta de entrada de dinheiro público, esse poço inesgotável de dinheiro fácil.
- Como os políticos ou deputados fazem pela vida, unidos PS, PSD, etc.
- Como se criam escolas com direito de poder escolher alunos de elite e rejeitar alunos fracos?
- Como pode o estado financiar escolas que violam o principio básico da educação? A educação é para todos.
- Como é que os directores destas escolas se transformam em poderosos coleccionadores de luxos incalculáveis, explorando os empregados.
Queira ter a bondade de navegar neste mar de corrupção, até ao minuto 9 pode mesmo sentir-se enjoado com tanta falta de vergonha e promiscuidade, entre politica e negócios. A partir do minuto 9, o video foca-se na situação dos professores

O governo não precisa de dizer que vai acabar com o ensino gratuito .. pura e simplesmente fará para que isso aconteça.
O governo não precisa de dizer que vai acabar com o apoio público aos idosos, lares etc... pura e simplesmente cria as condições para isso e acontecerá.
O governo não precisa de dizer que vai acabar com a saúde pública... basta continuar no percurso que nos tem imposto, que lá chegaremos.
Todos sabemos que a intenção é destruir definitivamente os serviços públicos, que para eles gastam muitos impostos, e depois sobra menos para eles e para sustentar as suas fundações, as suas PPP, as suas empresas subsidiadas pelo estado, os seus subsídios e reformas, etc.
É ainda claro que lhes convém aniquilar as pequenas e médias empresas, para permitir que o nosso pequeno mercado português, fique à mercê dos grandes e poderosos gananciosos insaciáveis, amigos de, e ex políticos.
* "Maiores fortunas de Portugal cresceram 18% em 2011. Os ricos de Portugal estão mais ricos, segundo a lista das maiores fortunas do País elaborada pela Revista Exame. As fortunas dos 25 mais ricos de Portugal cresceram 17,8% em 2011 face ao ano passado" fonte
* Lucro da Sonaecom sobe 24% no 1.º trimestre para 17 milhões de euros | iOnline
* "Mota Engil escapa à crise"
* "Jerónimo Martins acelera 4,5%, Lisboa lidera ganhos na Europa" (eu avisei)

Resumo do video
Com a desculpa de que não havia vagas para todos os alunos no público, constroem-se colégios privados. Na verdade as escolas públicas ficam com várias vagas por preencher, com capacidade para 45 turmas, apenas lhe atribuem 37, e os alunos são empurrados para o privado, para que estes, tenham direito a receber mais subsídios do estado, pois significa 85 mil euros de subsidio por turma!!
O que é uma boa desculpa para haver cortes no público e dar mais dinheiro aos privados.
O grupo GPS é um império que exemplifica o que os nossos pobres deputados são livres de construir, na maior das impunidades e ás custas do poder que ganharam, das influências que exercem e dos dinheiros públicos que distribuem.
Sufocando a livre concorrência e a economia... afigura-se cada vez mais claro que são apenas uns poucos que dominam todos os sectores e todas as empresas, em Portugal.

António Calvete dono do império, foi deputado do PS, integrou a comissão parlamentar e um ano depois cria o grupo GPS. Espantoso? Para o grupo chamou mais pessoas influentes de vários partidos, desde deputados secretários de estado, antigos directores regionais de educação, etc.
Esta é mais uma prova, para os que teimam em agarrar-se a partidos como se fossem uma tábua de salvação, de que os partidos estão na verdade unidos numa só missão... aviar-se e roubar o mais que puderem. Nos bastidores são todos amigos e companheiros do saque.
Domingos Fernandes, secretário de Estado da Administração Educativa de António Guterres, Paulo Pereira Coelho, secretário de Estado da Administração Interna de Santana Lopes e secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, (envolvido em casos de corrupção)
José Junqueiro, deputado do PS.
Todos foram consultores do grupo GPS.
José Manuel Canavarro, secretário de Estado da Administração Educativa de Santana Lopes, José Almeida, diretor Regional de Educação de Lisboa do mesmo governo.

Ao minuto 11, são hilariantes as reacções incoerentes de Agostinho Ribeiro.
Ao minuto 28 veja em pormenor onde os colégios privados esbanjam os impostos. Só este ano o grupo recebeu para os colégios GPS, 25 milhões de euros. Pago à turma, 85 mil por cada turma.
O dinheiro para a escola e para os professores é escasso, mas para luxos dos presidentes é uma fartura. Os professores são forçados a fazer todos os trabalhos da escola desde pintar, cantina, manutenção, contabilidade, etc
Mas os directores, Manuel António Madama, da escola de S. Mamede possui 80 carros, entre eles Jaguar Porsche, Rolls royce, Mercedes BMW, limusina Volkswagen, etc, etc. O filho António Madama, também alto cargo (boy) junto do pai, possui 17 carros.

José Canavarro e José Almeida ainda no poder e 5 dias antes das eleições que os iriam fazer perder o poder, deram autorização para a construção de 4 novos colégios.
O desespero de favorecer amigos que os iriam albergar em bons tachos, após o mandato, foi exercido até ao ultimo momento em que lhes é dado o direito de abusar do poder público.
Ambos se recusaram a ser entrevistados e negaram ter dado autorização... apesar de no video serem apresentadas as suas assinaturas a provarem o contrário.

A GPS construiu um império com mais de 50 outras empresas, além dos 26 colégios, em diversos ramos.
-GPS mediação de Seguros
-Gtelecomunicações
-MultiGPS - Multimédia
-Galevete e Galvete Imobiliária
-Agência de Viagens D. João V
-Criartimagem publicidade (já envolvida em escândalos de subsídios e outros)
-Restpresso actividades hoteleiras
-GPS comércio supermercados

Existimos em Portugal para sustentar parasitas que ainda por cima nunca ficam satisfeitos, querem sempre mais... Mira Amaral, que sabe do que fala, afirmou hoje. "«O melhor que os portugueses competentes têm para fazer» é emigrar"
E é assim que o governo continua a sua poda, cortando em quem não deve e onde não deve, para alimentar amigos.
*- Educação: "Governo corta o triplo do que a troika mandou. "
*- SNS: "A ‘troika’ mandou cortar 550 milhões e o Governo cortou mais 650 milhões e este ano vai cortar mais”, sublinhou.
*- Portugal reduziu em mais de 5% dos funcionários públicos entre dezembro de 2011 e setembro de 2012. Superando, assim, em mais do dobro a meta anual imposta pelo memorando da troika.
O mais intrigante é entender porque é que a comunicação social, só agora é que se lembra de começar a denunciar abusos que se arrastam há anos.
Depois ainda dizem que os blogs não prestam... pois pois...
Artigo que acompanhava o video.
A jornalista Ana Leal encontrou escolas públicas subaproveitadas, com salas vazias, à espera de alunos que foram transferidos para os colégios privados pertencentes ao grupo GPS, que envolve ainda vários ex-governantes de diversos partidos políticos.
O inspetor geral de Educação não mostrou disponibilidade para dar qualquer entrevista à TVI. Tentámos pelo menos durante 15 dias e ficámos a saber, através de um email que recebemos, que a inspecção terá iniciado uma auditoria aos colégios do grupo GPS.

Portugal nas mãos de um punhado de ex politicos ou amigos de politicos
Posted: 11 Dec 2012 01:32 PM PST


Neste video há muito para descobrir. Mas os primeiros 9 minutos são uma ofensa grave, ao contribuinte.
- Como os seus impostos são esbanjados?
- Como sustentar um grupo com mais de 50 empresas com dinheiros públicos, para que nenhuma se afunde, convém manter algumas que sirvam de porta de entrada de dinheiro público, esse poço inesgotável de dinheiro fácil.
- Como os políticos ou deputados fazem pela vida, unidos PS, PSD, etc.
- Como se criam escolas com direito de poder escolher alunos de elite e rejeitar alunos fracos?
- Como pode o estado financiar escolas que violam o principio básico da educação? A educação é para todos.
- Como é que os directores destas escolas se transformam em poderosos coleccionadores de luxos incalculáveis, explorando os empregados.
Queira ter a bondade de navegar neste mar de corrupção, até ao minuto 9 pode mesmo sentir-se enjoado com tanta falta de vergonha e promiscuidade, entre politica e negócios. A partir do minuto 9, o video foca-se na situação dos professores

O governo não precisa de dizer que vai acabar com o ensino gratuito .. pura e simplesmente fará para que isso aconteça.
O governo não precisa de dizer que vai acabar com o apoio público aos idosos, lares etc... pura e simplesmente cria as condições para isso e acontecerá.
O governo não precisa de dizer que vai acabar com a saúde pública... basta continuar no percurso que nos tem imposto, que lá chegaremos.
Todos sabemos que a intenção é destruir definitivamente os serviços públicos, que para eles gastam muitos impostos, e depois sobra menos para eles e para sustentar as suas fundações, as suas PPP, as suas empresas subsidiadas pelo estado, os seus subsídios e reformas, etc.
É ainda claro que lhes convém aniquilar as pequenas e médias empresas, para permitir que o nosso pequeno mercado português, fique à mercê dos grandes e poderosos gananciosos insaciáveis, amigos de, e ex políticos.
* "Maiores fortunas de Portugal cresceram 18% em 2011. Os ricos de Portugal estão mais ricos, segundo a lista das maiores fortunas do País elaborada pela Revista Exame. As fortunas dos 25 mais ricos de Portugal cresceram 17,8% em 2011 face ao ano passado" fonte
* Lucro da Sonaecom sobe 24% no 1.º trimestre para 17 milhões de euros | iOnline
* "Mota Engil escapa à crise"
* "Jerónimo Martins acelera 4,5%, Lisboa lidera ganhos na Europa" (eu avisei)

Resumo do video
Com a desculpa de que não havia vagas para todos os alunos no público, constroem-se colégios privados. Na verdade as escolas públicas ficam com várias vagas por preencher, com capacidade para 45 turmas, apenas lhe atribuem 37, e os alunos são empurrados para o privado, para que estes, tenham direito a receber mais subsídios do estado, pois significa 85 mil euros de subsidio por turma!!
O que é uma boa desculpa para haver cortes no público e dar mais dinheiro aos privados.
O grupo GPS é um império que exemplifica o que os nossos pobres deputados são livres de construir, na maior das impunidades e ás custas do poder que ganharam, das influências que exercem e dos dinheiros públicos que distribuem.
Sufocando a livre concorrência e a economia... afigura-se cada vez mais claro que são apenas uns poucos que dominam todos os sectores e todas as empresas, em Portugal.

António Calvete dono do império, foi deputado do PS, integrou a comissão parlamentar e um ano depois cria o grupo GPS. Espantoso? Para o grupo chamou mais pessoas influentes de vários partidos, desde deputados secretários de estado, antigos directores regionais de educação, etc.
Esta é mais uma prova, para os que teimam em agarrar-se a partidos como se fossem uma tábua de salvação, de que os partidos estão na verdade unidos numa só missão... aviar-se e roubar o mais que puderem. Nos bastidores são todos amigos e companheiros do saque.
Domingos Fernandes, secretário de Estado da Administração Educativa de António Guterres, Paulo Pereira Coelho, secretário de Estado da Administração Interna de Santana Lopes e secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, (envolvido em casos de corrupção)
José Junqueiro, deputado do PS.
Todos foram consultores do grupo GPS.
José Manuel Canavarro, secretário de Estado da Administração Educativa de Santana Lopes, José Almeida, diretor Regional de Educação de Lisboa do mesmo governo.

Ao minuto 11, são hilariantes as reacções incoerentes de Agostinho Ribeiro.
Ao minuto 28 veja em pormenor onde os colégios privados esbanjam os impostos. Só este ano o grupo recebeu para os colégios GPS, 25 milhões de euros. Pago à turma, 85 mil por cada turma.
O dinheiro para a escola e para os professores é escasso, mas para luxos dos presidentes é uma fartura. Os professores são forçados a fazer todos os trabalhos da escola desde pintar, cantina, manutenção, contabilidade, etc
Mas os directores, Manuel António Madama, da escola de S. Mamede possui 80 carros, entre eles Jaguar Porsche, Rolls royce, Mercedes BMW, limusina Volkswagen, etc, etc. O filho António Madama, também alto cargo (boy) junto do pai, possui 17 carros.

José Canavarro e José Almeida ainda no poder e 5 dias antes das eleições que os iriam fazer perder o poder, deram autorização para a construção de 4 novos colégios.
O desespero de favorecer amigos que os iriam albergar em bons tachos, após o mandato, foi exercido até ao ultimo momento em que lhes é dado o direito de abusar do poder público.
Ambos se recusaram a ser entrevistados e negaram ter dado autorização... apesar de no video serem apresentadas as suas assinaturas a provarem o contrário.

A GPS construiu um império com mais de 50 outras empresas, além dos 26 colégios, em diversos ramos.
-GPS mediação de Seguros
-Gtelecomunicações
-MultiGPS - Multimédia
-Galevete e Galvete Imobiliária
-Agência de Viagens D. João V
-Criartimagem publicidade (já envolvida em escândalos de subsídios e outros)
-Restpresso actividades hoteleiras
-GPS comércio supermercados

Existimos em Portugal para sustentar parasitas que ainda por cima nunca ficam satisfeitos, querem sempre mais... Mira Amaral, que sabe do que fala, afirmou hoje. "«O melhor que os portugueses competentes têm para fazer» é emigrar"
E é assim que o governo continua a sua poda, cortando em quem não deve e onde não deve, para alimentar amigos.
*- Educação: "Governo corta o triplo do que a troika mandou. "
*- SNS: "A ‘troika’ mandou cortar 550 milhões e o Governo cortou mais 650 milhões e este ano vai cortar mais”, sublinhou.
*- Portugal reduziu em mais de 5% dos funcionários públicos entre dezembro de 2011 e setembro de 2012. Superando, assim, em mais do dobro a meta anual imposta pelo memorando da troika.
O mais intrigante é entender porque é que a comunicação social, só agora é que se lembra de começar a denunciar abusos que se arrastam há anos.
Depois ainda dizem que os blogs não prestam... pois pois...
Artigo que acompanhava o video.
A jornalista Ana Leal encontrou escolas públicas subaproveitadas, com salas vazias, à espera de alunos que foram transferidos para os colégios privados pertencentes ao grupo GPS, que envolve ainda vários ex-governantes de diversos partidos políticos.
O inspetor geral de Educação não mostrou disponibilidade para dar qualquer entrevista à TVI. Tentámos pelo menos durante 15 dias e ficámos a saber, através de um email que recebemos, que a inspecção terá iniciado uma auditoria aos colégios do grupo GPS.»

terça-feira, 9 de outubro de 2012

CORAZÓN DEL MUNDO

«Eram dez da noite (3h30 em Lisboa) quando a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, leu o primeiro boletim oficial: Hugo Chávez ganhou as eleições presidenciais na Venezuela com 54,42% dos votos (7.444.082); o opositor Henrique Capriles arrecadou 44,97% (6.151.544).

"Obrigado ao meu amado povo! Viva a Venezuela! Viva Bolívar!", agradeceu o Presidente, alguns minutos depois, através da sua conta no Twitter, a mais popular rede social no país. Àquela hora, já apoiantes seus celebravam nas ruas.

Há décadas que os venezuelanos não se empenhavam tanto numas eleições. Apurados mais de 90% dos votos, tinham comparecimento 80,94% dos eleitores.

Capriles foi o primeiro a discursar. Fê-lo na sua sede de campanha: "Iniciamos a construção de um caminho e aí estão mais de seis milhões de pessoas à procura de um melhor futuro.”

O candidato da Mesa da Unidade Democrática dirigiu-se aos eleitores que votaram por ele e aos que não: “Quero dizer-lhes que contem comigo, que estou ao seu serviço, mas também quero dizer aos outros venezuelanos que contem comigo.” E felicitou Chávez: “Espero que leia com grandeza a expressão do nosso povo. Há um país que tem duas visões e ser um bom Presidente significa trabalhar para a união de todos os venezuelanos.”

Eram já 22h30 (5h00 em Lisboa) quando Chávez se dirigiu ao balção do povo, no palácio de Miraflores, e fez o seu discurso. O Presidente felicitou “os compatriotas que votaram pela revolução” e os opositores por terem reconhecido de imediato os resultados eleitorais. A “batalha” fora democrática. “Graças a Deus e à consciência do nosso povo, não houve nada que manchasse a batalha perfeita e a vitória perfeita.”

O líder do Partido Socialista Unido da Venezuela espera ser melhor Presidente do que foi nestes 13 anos que já conta no cargo. “Convido-os a que sejamos cada dia melhores venezuelanos e melhores venezuelanas para acelerar a construção da Venezuela potência. Quero comprometê-los a todos e a todas, incluindo os sectores da oposição.”

Eleito em 1998 e reeleito em 2000, a fase da lua-de-mel, Chávez enfrentou uma forte oposição em 2002/2003, que incluiu um golpe de estado relâmpago e uma greve petrolífera. Ultrapassou um referendo revogatório em 2004 e foi reeleito em 2006. Com a vitória de ontem, garante a presidência até 2019, somando 20 anos.»
Fonte "Público".

domingo, 7 de outubro de 2012

EL GULAG AMERICANO

«EE UU tiene 731 reclusos por cada 100.000 habitantes frente a los 144 de España y los 66 de Noruega

¿Saben de qué no hablarán Obama y Romney en la serie de debates que están manteniendo estos días? Del sistema penitenciario de Estados Unidos. Porque cómo explicar a los estadounidenses, y de paso al resto del mundo, que el país adalid de la libertad y de la democracia mantiene en sus cárceles a más de seis millones de personas, una cifra que supera el número de personas encarceladas por Stalin en la época más dura del archipiélago Gulag. Si todos esos presos fueran agrupados en un mismo centro penitenciario, sería la segunda ciudad de Estados Unidos.
¿Un gulag americano? Parece la típica acusación procedente de una China resentida por la extrema presión que se ve obligada a soportar por parte de Estados Unidos en razón de su penoso récord de derechos humanos. Pero no es el caso: el demoledor dato proviene de un escalofriante reportaje de investigación publicado por la revista New Yorker. No se trata solo de un problema de cantidad, sino también de la extrema dureza y crueldad de las condiciones penitenciarias que imperan en dicho sistema. Unos 50.000 de esos reclusos viven en condiciones de aislamiento permanente, sin contacto con nadie y con derecho a solo una hora diaria de ejercicio en solitario. La vida no es mucho mejor para el resto: según varias estimaciones, unos 70.000 reclusos son violados cada año, un problema endémico del que las autoridades se desentienden. El sistema también ofrece otro vergonzoso récord: los cientos de adolescentes condenados a cadena perpetua, algo sin parangón en el llamado mundo libre que Estados Unidos aspira a liderar.
Sin duda que Estados Unidos ganó la guerra fría, pero parece como si, mientras tanto, hubiera iniciado una guerra contra su propia población. En 1980, el año en el que Ronald Reagan gana las elecciones y decide asfixiar a la Unión Soviética vía la combinación de una costosísima carrera de armamentos y la presión selectiva mediante operaciones encubiertas en varios frentes (desde Nicaragua a Afganistán), la población carcelaria era de 220 personas por cada 100.000 estadounidenses. Dos décadas más tarde, en 2010, la potencia triunfante de la guerra fría había triplicado la población carcelaria hasta 731 reclusos por cada 100.000 habitantes. Para hacerse una idea de la magnitud relativa de estas cifras: la población carcelaria noruega es de 66 personas por cada 100.000 y la de España, de 144 por 100.000. La dimensión racial, por sabida, no deja de constituir también un escándalo de inmensas proporciones. El presidente de Estados Unidos que protagoniza los debates electorales es negro, sí, pero la probabilidad de estar en la cárcel si eres negro es siete veces superior a la de los blancos. La esclavitud terminó, sin duda, pero las estadísticas nos dicen que si sumas la población negra en prisión, libertad provisional y libertad condicional, la cifra resultante es mayor que el número de esclavos que había en Estados Unidos hacia 1850.

E igualmente escandalosa es la dimensión económica pues el sistema penitenciario, en manos de compañías privadas, léase con ánimo de lucro, se ha convertido en un inmenso negocio y un grupo de interés con un enorme poder de cabildeo (lobby) en los pasillos del Congreso en contra de la relajación de las disposiciones legales (especialmente en relación al menudeo de droga) que garantizan un flujo de “clientes” estable. Véase el caso del Estado de California, en quiebra presupuestaria, que gasta 50.000 dólares al año por recluso, una cifra siete veces superior a lo que invierte en cada estudiante de primaria. Las prioridades están claras: hace dos décadas, el gasto en universidades de California duplicaba al gasto en prisiones. Hoy, por el contrario, el gasto en prisiones (10.000 millones de dólares para atender a los casi 150.000 reclusos), duplica al gasto universitario.
Se dice que la “maternidad y la tarta de manzana” (motherhood and apple pie) definen la identidad americana. También, como dice la Declaración de Independencia, “la vida, la libertad y la búsqueda de la felicidad”. Esta semana, tras innumerables presiones, el candidato Romney desveló por fin su declaración de la renta correspondiente a 2011. Ahora sabemos que ingresó 13,7 millones de dólares pero que pagó sólo dos millones de dólares de impuestos. El sueño americano, la estatua de la libertad, la ciudad en la colina. Financiar todo eso con un tipo marginal del 14% sí que es un milagro. Debe ser por eso que en los billetes estadounidenses pone In God we trust (Confiamos en Dios). Pero, por si acaso, para aquellos que no encuentren el camino o se extravíen, nada como un sistema penitenciario de primera. Cualquier cosa antes que los impuestos progresivos.
Sígueme en @jitorreblanca y en el blog Café Steiner en el país.com

Si todos los presos fueran agrupados, su población sería la segunda ciudad de Estados Unidos»

Artigo de José Ignacio Torreblanca no El País.

sábado, 22 de setembro de 2012

LUCHA RUPERTO

Vídeo

«Ruperto vivía en su campo
Su mujer y tres muchachos
La hierba su medicina
Y el brujo antonio su médico

Y un día miró a caracas
En la pulpería del pueblo
En un almanaque de esos
De la creole petroleum corporation

Quiso venir a caracas
Vino a caracas ruperto
Lo ayudó el capitalismo
Lo ayudó a construir su rancho
Con latas vacías de pepsi-cola
Con latas vacías de mobil esso
Y le puso como techo
Un afiche de la ford company
"es fácil tener un mustang"

Se le enfermó su muchacho
El más pequeño de ellos
Y el más grande de sus sueños
Bajó a la ciudad ruperto
A buscarle algún remedio
Y se le murió en la cola
Se le murieron sus sueños

No tenía pa' enterrarlo
El desempleado ruperto

Y buscó robar ruperto
Pa' llevarlo al cementerio
Apresaron a ruperto
La policía siempre es eficiente
Cuando se trata de los pobres

Vinieron los curiosos
Y gritó uno de ellos
"policía deje ese hombre"
No lo ves que está llorando
No lo ves que quiere irse
Con su muchachito muerto
Mo lo ves que quiere irse
Corriendo tras de sus sueños

Hace tiempo no lo veo
Pero mi pana me dijo
Que lo vio buscando tablas
No pa' enterrar a un pequeños
Sino pa' enterrar un viejo
Pa' enterrar al capitalismo
El causante de los males
Que está sufriendo mi pueblo
Pa' llevarlo al cementerio
Que construyen los obreros

Echale bolas ruperto
Guillo ruperto
Que la lucha te liberará

Mucho guillo ruperto
Lucha ruperto
Con la lucha, la lucha no más

Mucho guillo ruperto
Lucha ruperto
Con la lucha, la lucha no más

Echale bolas ruperto
Lucha ruperto
Que la lucha te liberará

Por tu madre ruperto
Lucha ruperto
Con la lucha, la lucha no más

Mucho guillo ruperto
Lucha ruperto
Que la lucha te liberará»

sábado, 15 de setembro de 2012

15 DE SETEMBRO

«Hoje foi magnífica, espectacular e impressionante um protesto veemente e indignado» Frase vinda daqui.

MASSACRES

«There is no flag large enough to cover the shame of killing innocent people» Howard Zinn.

Jorge Cadima: Massacres

O presidente do país reúne "todas as terças-feiras com cerca de duas dúzias de oficiais da segurança" para analisar a lista de alvos "a serem mortos ou capturados, sendo que a opção da captura se tornou em grande medida meramente teórica". Por Jorge Cadima* "Todas as semanas se juntam mais de cem membros do enorme aparelho de segurança nacional [...] para analisar as biografias dos suspeitos e recomendar ao presidente quem deverá ser o próximo a morrer". "Surge uma suspeita": que o presidente "esteja a evitar as complicações associadas com a detenção, decidindo na prática que não se apanham prisioneiros vivos. Enquanto largas dezenas de suspeitos já foram mortos [...] apenas um foi capturado". O presidente, "que se sente muito tranquilo com o uso da força", decidiu "adotar um método questionável de contabilizar as baixas civis [...]. Na prática, todos os homens em idade militar nas zonas de ataque são contabilizados como combatentes [...] a não ser que postumamente surjam informações explícitas que provem ser inocentes". Logo no "primeiro ataque sob a alçada" do presidente, "foi morto não apenas o alvo visado, mas duas famílias vizinhas, e foi deixado para trás um rasto de bombas de fragmentação que viriam a matar mais inocentes". Este "ataque pouco asseado" levou a que "vídeos de destroços de corpos de crianças e de aldeões enfurecidos surgissem [...] no Youtube, provocando reacções furiosas". Um leitor vítima da martelante campanha de desinformação dos meios de comunicação social pensará que estas citações dizem respeito à Síria e ao presidente Assad. Mas dizem respeito aos EUA. O presidente é a coqueluche dos sectores "liberais" e "social-democratas" do sistema, Barack Obama. A fonte é insuspeita e recente: um artigo do New York Times de 29 de maio. É prática sistemática dos EUA assassinarem "alvos" a partir de aviões não tripulados (drones), no Afeganistão, Paquistão, Iêmen e Somália. Segundo o britânico Bureau of Investigative Journalism, entre 2004 e 2012 os EUA efetuaram, apenas no Paquistão, 327 deste tipo de ataques covardes, em que terão morrido umas 3000 pessoas, sendo 175 crianças e entre 480 a 830 civis. Apesar dos protestos das populações e dos próprios governos, a "comunidade internacional" não condena. A comunicação social de regime – sempre pronta a chorar civis « "mortos pelos governos" como pretexto para guerras de agressão – mantém-se silenciosa quando o governo em causa é uma potência imperialista e a guerra de agressão já está em curso. O recente massacre na aldeia síria de Houla foi macabro: mais de 100 mortos, na maioria mulheres e crianças degoladas ou mortas à queima-roupa. É o estilo dos bandos armados apoiados pelo "Grupo dos Amigos da Síria", ao qual pertencem grandes potências imperialistas, ditaduras fundamentalistas (como a Arábia Saudita e Qatar) e Paulo Portas. Relata a Al Jazeera (2/4/12) que esses "Amigos" criaram um fundo de "muitos milhões de dólares para financiar os membros da oposição armada, conhecidos por Exército Sírio Livreh", incluindo o pagamento dos seus salários (!). Já em Novembro passado o Daily Telegraph (25/11/11) informava que armas e combatentes líbios estavam a ser enviados para a Síria. "Há uma intervenção militar em curso. Dentro de poucas semanas vê-la-ão" afirmava uma "fonte líbia". Até Ban Ki-Moon foi obrigado a declarar (BBC, 18/5/12) que "acredito que a Al-Qaeda esteja por detrás" dos atentados bombistas que sacudiram as maiores cidades sírias nas últimas semanas. Mas apenas depois de "a Síria ter enviado às Nações Unidas uma lista com 26 nomes de estrangeiros presos, alegando que a maioria serão membros da Al-Qaeda". A versão oficial é que os EUA invadiram o Afeganistão para combater a Al-Qaeda. Pelos vistos a Al-Qaeda combate na Síria para que os EUA possam invadir. Confuso? Nem por isso. Desengane-se quem pensa tratar-se dum problema de "ditadores" ou "direitos humanitários". Os factos são claros: tal como na corrida para a agressão à Iugoslávia, bandos armados ao serviço do imperialismo cometem massacres, que depois são invocados como pretextos para agressões militares. Um imperialismo decadente e em profunda crise está a abrir uma Caixa de Pandora no Médio Oriente. * Jorge Cadima é articulista do Jornal Avante!»

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O RESULTADO

«Execução orçamental
 
Desvio nas receitas fiscais inviabiliza meta do défice deste ano

De acordo com os dados da execução orçamental divulgados esta quinta-feira pela Direcção-Geral do Orçamento (DGO), o défice do Estado caiu quase 40% até Julho, situando-se nos 3,9 mil milhões de euros. As receitas fiscais continuam a recuar mais do que o previsto no Orçamento do Estado Rectificativo (OER) e o excedente da Segurança Social está em níveis mínimos, confirmando aqueles que eram principais riscos à execução orçamental. Do lado da despesa, as notícias são positivas, com uma redução acima do previsto nos gastos com pessoal e nos juros. Mas tal não será suficiente para cobrir o desvio.

Os dados da DGO mostram que, até Julho, as receitas fiscais estão a cair 3,5%. Apesar de ter havido alguma recuperação nos últimos dois meses, esta evolução está claramente distante das previsões do Executivo: o OER prevê um aumento de 2,6% nas receitas de impostos para o conjunto do ano.

A contribuir para esta tendência estão, sobretudo, os impostos indirectos, nomeadamente o IVA. Apesar da subida do imposto no gás e na electricidade e da reestruturação das taxas do imposto, as receitas provenientes do IVA estão a cair 1,1%, enquanto o OER prevê um aumento de 11,6%.

Fonte oficial do Ministério das Finanças admite que o Executivo irá chegar ao final do ano com um desvio nas receitas fiscais, mas prefere não avançar com valores, dizendo que tal estará em discussão na quinta avaliação da troika, que arranca na próxima semana. No entanto, as Finanças consideram “exagerado” o número apresentado hoje pelo Diário Económico. Segundo o jornal, o Governo está já a trabalhar com um cenário de derrapagem de três mil milhões de euros nas receitas de impostos.

“Não recuperaremos a totalidade do desvio da receita”, reconhece fonte oficial das Finanças. “Alguma parte poderá ser compensada pelo lado da despesa, mas não recuperaremos tudo”, conclui.

Isso significa que, ou a troika “perdoa” um défice maior este ano, ou o Governo terá de tomar medidas adicionais para cumprir com a meta de 4,5% do PIB. As Finanças recordam que já estão a implementar algumas medidas de contenção das despesas, com destaque para a reprogramação das verbas do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), mas destacam que a equipa de ajuda externa já mostrou abertura para aceitar um desvio nas metas, caso este se deva a uma deterioração das condições económicas.


A expectativa do Governo é que essa abertura se concretize no âmbito da nova avaliação da troika.

Despesa compensa parte do desvio

As boas notícias vêm do lado da despesa. Até Julho, os gastos totais da Administração Central e da Segurança Social estão a cair 1,7%, sobretudo graças a uma diminuição acima do previsto das despesas com pessoal (-16%).

A contribuir para isso estão não só os cortes dos subsídios de férias dos funcionários públicos e pensionistas (falta ainda o impacto da eliminação dos subsídios de Natal), mas também uma redução acima do esperado do número de funcionários públicos.

Além disso, as Finanças apontam agora para uma “clara folga” nas despesas com juros. Estas estão a subir 17,3%, enquanto no OER se prevê um aumento de mais do dobro (39,6%) para o conjunto do ano.

O Executivo está a contar que esta poupança acima do previsto com as despesas de pessoal e de juros, bem como a reprogramação do QREN, permita compensar parte do desvio nas receitas fiscais.

Os dados da DGO mostram que o saldo da Administração Central e da Segurança Social relevante para efeitos do programa de ajustamento situou-se em 5,6 mil milhões de euros. Além da queda das receitas fiscais, há outro sinal de alarme: as contas da Segurança Social.

A intensificação da recessão e o aumento do desemprego para níveis recorde diminuíram as receitas de contribuições e quotizações em 4,4% até Julho e estão também a fazer aumentar as despesas, nomeadamente com subsídios de desemprego (22,6%).

Nos primeiros sete meses do ano, o saldo da Segurança Social caiu para metade, apresentando um excedente de apenas 139,6 milhões de euros.»
Fonte: Público.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

EURO 2012

Nunca foi tão pouco o meu entusiasmo pela seleção portuguesa de futebol, embora seja obrigado a reconhecer que ontem foi muito competente, perante uma das "Holandas" mais incompetentes dos últimos 20 anos. Contudo os laços afetivos não se rompem.
No entanto, apesar de ontem o povo grego ter contrariado esta citação, «Prefiro os perigos da liberdade ao sossego da servidão», a seguir à portuguesa a seleção grega é a minha favorita. Faço votos para que ambas se encontrem na final.

ELEIÇÕES GREGAS

Ontem a maioria da população grega, contrariou esta citação: «Prefiro os perigos da liberdade ao sossego da servidão».

PERIGOS E SOSSEGO

Ontem li, «Prefiro os perigos da liberdade ao sossego da servidão».

14-06-2012 EROSÃO COSTEIRA

«“Para proteger as construções, estamos a alterar a costa”
A proteçao da costa está nas mãos de todos, avisam Sisandra Sousa e Carlos Ramos
Os maiores estragos registaram-se no primeiro trimestre de 2010. A Praia do Furadouro entrava no alinhamento principal dos noticiários devido ao avanço do mar sobre a costa. As correntes marítimas danificaram a marginal, os miradouros e mesmo as redes de água, luz e gás.
Hoje, os danos estão corrigidos e o mar está mais calmo mas a erosão costeira não acabou. Para a professora Sisandra Sousa, a erosão “é um fenómeno natural que o homem não tem capacidade de travar”. Veja-se que, no século XII, a linha da costa estava a sete quilómetros daquilo que chamamos hoje marginal e, nos anos 90, a Praia do Furadouro tinha 70 metros de profundidade. Contudo, em vez de “diminuir os efeitos” deste processo, “o homem tem vindo a antecipá-lo e a acelerá-lo”, acusa a docente de Biologia e Geologia, que, além de colaborar com a associação ambientalista local “Amigos do Cáster”, fez um mestrado sobre “Ciências das Zonas Costeiras” e reside na Praia do Furadouro.
Para proteger as edificações – que, por si só, “retiram sedimento, que é a principal fonte de abastecimento das areias das praias” -, as autoridades construíram esporões que retêm a areia a norte, impedindo que esta chegue ao sul da praia, o que encurta significativamente o areal nesta zona. Mas os problemas de erosão no Furadouro começaram há mais tempo, com a construção do campo de esporões em Espinho e, antes disso, com a edificação do Porto de Leixões. Como o movimento migratório das areias dá-se de norte para sul, qualquer obstáculo no caminho até Ovar acaba por afetar as suas praias. “Para proteger as construções, estamos a alterar a costa e a provocar uma erosão muito grande a sul”, avisa Sisandra Sousa.
Carlos Ramos, outro colaborador da “Amigos do Cáster”, teme que as praias de Ovar e Esmoriz se transformem em cabos. “Há um conflito de interesses grande: preserva-se a propriedade pública e privada mas, ao mesmo tempo, contribui-se para a erosão dos ecossistemas na praia”.
Tanto Carlos Ramos como Sisandra Sousa aguardam com expetativa o anunciado estudo integrado da costa portuguesa, em oposição a soluções pontuais de defesa de uma faixa restrita, que é o que tem acontecido até agora. “Não podemos proteger uma determinada área sem pensar nas consequências a sul e no que vem de norte”, avisa a professora. Sendo que, insiste, “não há soluções milagrosas” e “o recuo da linha de costa vai continuar a ocorrer naturalmente”. Carlos Ramos espera para ver. Avisa que o governo ainda está a tentar captar fundos para a elaboração do estudo e questiona a exequibilidade de um plano “complexo” numa altura de pouco dinheiro.
Desde 2010, a associação Amigos do Cáster tem realizado diversas ações de sensibilização para o problema da erosão costeira. Muitas delas estão disponíveis em vídeo no canal da associação no You Tube. De acordo com Carlos Ramos, a associação tem tentado promover uma relação próxima com as autoridades mas mantendo sempre uma postura crítica. A experiência diz-lhe, por exemplo, que há grandes dificuldades de coordenação entre os diversos institutos sob a alçada do ministério do Ambiente, o que dificulta a realização de atividades no terreno.
Os dois colaboradores apelam aos banhistas que colaborem na proteção das praias, nomeadamente não deitando lixo para o areal, não pisando as dunas e não utilizando veículos motorizados.»
Anabela S. Carvalho - Ligação para o artigo.
Jornal LABOR

domingo, 8 de janeiro de 2012

PROFESSORES

O autor do texto abaixo é José Luís Peixoto. Ele, português, um escritor marcante do século xxi, e reflecte sobre a classe dos professores. Em alguns pontos justifica a escolha que fiz. Eis: «O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objectos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos actualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita. O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efectiva. O trabalho dos professores é a generosidade. Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O acto que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer. Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu. Envergonhem-se aqueles que dizem ter perdido a esperança. Envergonhem-se aqueles que dizem que não vale a pena lutar. Quando as dificuldades são maiores é quando o esforço para ultrapassá-las deve ser mais intenso. Sabemos que estamos aqui, o sangue atravessa-nos o corpo. Nascemos num dia em que quase nos pareceu ter nascido o mundo inteiro. Temos a graça de uma voz, podemos usá-la para exprimir todo o entendimento do que significa estar aqui, nesta posição. Em anos de aulas teóricas, aulas práticas, no laboratório, no ginásio, em visitas de estudo, sumários escritos no quadro no início da aula, os professores ensinaram-nos que existe vida para lá das certezas rígidas, opacas, que nos queiram apresentar. Se desligarmos a televisão por um instante, chegaremos facilmente à conclusão que, como nas aulas de matemática ou de filosofia, não há problemas que disponham de uma única solução. Da mesma maneira, não há fatalidades que não possam ser questionadas. É ao fazê-lo que se pensa e se encontra soluções. Recusar a educação é recusar o desenvolvimento. Se nos conseguirem convencer a desistir de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrámos, o erro não será tanto daqueles que forem capazes de nos roubar uma aspiração tão fundamental, o erro primeiro será nosso por termos deixado que nos roubem a capacidade de sonhar, a ambição, metade da humanidade que recebemos dos nossos pais e dos nossos avós. Mas espero que não, acredito que não, não esquecemos a lição que aprendemos e que continuamos a aprender todos os dias com os professores. Tenho esperança.» José Luís Peixoto, in revista Visão (Outubro, 2011) Via "Barco de Neanderthal"