domingo, 10 de julho de 2011

É O CAPITALISMO

«Quando Portugal é classificado como “lixo” pelas agências de rating ou notação financeira (ou seja, alguns dos principais envolvidos no escândalo financeiro de 2008 que precipitou esta crise estrutural do capitalismo), é altura de dizer, para quem ainda não tenha percebido, que não é com a mesma receita que nos trouxe a este buraco que vamos conseguir sair.
Mudar caras, nomes e símbolos partidários – para prosseguir e acentuar as mesmas opções políticas de fundo que já vinham de trás com os Governos anteriores – não resolve nada. O roubo no subsídio de Natal é mais uma etapa de um caminho que não acaba aqui: eles simplesmente vão dizer que afinal não chega. A mudança que se impõe, tal como vimos alertando, só se concretiza com uma política patriótica e de esquerda e com um Governo em condições de a pôr em prática. Há quem tenha expressado escândalo e indignação com os malvados dos senhores das agências de rating. Mas a verdade é que, com mais do mesmo, fazendo o jeito aos capitalistas, a resposta do capitalismo só pode ser uma: querer mais. Está na sua natureza. Isto não é o capitalismo numa fase desagradável. É o capitalismo, ponto final.
Ora, como não é cedendo ao chantagista que se acaba com a chantagem, a saída só é possível com coragem política para enfrentar os interesses instalados e o poder económico. É preciso dizer Basta! E a exigência de uma mudança de políticas, a defesa concreta dos direitos, só se faz com a acção e a luta. Como há dias sublinhou a Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, saudando desde logo as lutas vitoriosas dos trabalhadores da CP e da FISIPE, só a luta é o caminho para defender e conquistar direitos.
É assim que se responde a essa ideologia dominante que faz passar incessantemente as teses da inevitabilidade, do conformismo, do “tem que ser”. Aliás, como também a DORS do PCP relembrou, que nenhuma das medidas contidas no programa do Governo ou do pacto da troika estão aprovadas: é possível e necessário fazer frente e impedir a concretização de cada uma das medidas negativas.
O PCP apela aos trabalhadores e ao povo que prossigam e intensifiquem a luta contra a política de direita. E destacou particularmente a luta deste Sábado, dia 9 de Julho, com o PicNic contra a precariedade, acção dinamizada pela Interjovem, Juventude Operária Católica, Associação de Bolseiros de Investigação Científica e Movimento 12 de Março. É aliás curioso que esta luta dos jovens trabalhadores, contra a precariedade, tenha sido agora tão silenciada na comunicação social dominante (e dominada)…
É preciso avisar toda a gente, como dizia o poeta. É da maior importância a participação nas acções de protesto e de defesa dos direitos e da dignidade e do futuro do próprio país. É isso que está em causa também, já neste próximo dia 14 Julho, às 15 horas, na manifestação que partirá do Largo de Santos para a Assembleia da República, convocada pela CGTP-IN.
Há um caminho para sairmos desta situação. O PCP tem afirmado a exigência de uma ruptura com a política de direita que abra caminho a uma outra política, patriótica e de esquerda que, rompendo com as orientações da União Europeia e os interesses do grande capital: valorize os salários e os direitos de quem produz riqueza; defenda a produção nacional; imponha a tributação dos lucros dos grupos económicos; avance com a renegociação da dívida; concretize o reforço dos serviços públicos e do sector empresarial do Estado.
Desde já, o PCP avança na Assembleia da República com a proposta imediata de renegociação da dívida, uma medida da máxima urgência para possibilitar a dinamização da produção nacional (a única resposta estruturante para a crise económica). O debate vai ter lugar no Plenário da AR, já na próxima sessão que está agendada para dia 20. É preciso impedir o caminho de catástrofe económico-financeira para onde estão a querer empurrar o país: procuram encurralar o país numa situação de total fragilidade e de impossível posição negocial perante os abutres da especulação financeira (também conhecidos por mercados), e só aí então dizer-nos que é altura de renegociar ou reestruturar a dívida. Não podemos esperar que nos cortem as pernas para depois começarmos a correr. Simples de entender, certo?»